INÍCIO » Histórias de Missão » Trabalhar como testemunha

Trabalhar como testemunha

Aaron Kauffman“Tudo o que você fizer, faça-o de coração para o Senhor e não para as pessoas” – Colossenses 3:23 (Bíblia Inglesa Comum)

Tive vários empregos ao longo dos anos. Quando criança, cortava grama e entregava jornais. No ensino médio, eu estocava prateleiras em uma loja de ferragens e, no verão, ajudava a instalar canos em casas novas. Em um verão, cheguei a trabalhar no turno da noite cinco dias por semana, limpando o chão do K-mart.

Sou grato pelas habilidades e ética de trabalho que adquiri nesses primeiros empregos. Mas devo confessar que os via principalmente como um meio para um fim: ganhar dinheiro. E como muitos cristãos, fiz pouca conexão entre minha fé e meu trabalho.

Isso começou a mudar quando entrei na idade adulta. Depois da faculdade, ensinei inglês para falantes não nativos por cerca de dez anos. Os contextos variavam muito: uma escola pública de ensino médio na Virgínia, uma escola cristã na Colômbia, um programa para aspirantes a estudantes da Eastern Mennonite University. Mas não importa onde ou para quem eu ensinasse, eu tentava ver meu trabalho como tendo significado e propósito além do salário que eu receberia. Eu queria ensinar com paixão e criatividade tanto por respeito à arte de ensinar quanto para fornecer aos alunos uma ferramenta que pudesse melhorar suas vidas e abrir portas de oportunidades. Acima de tudo — pelo menos nos meus melhores dias — eu queria que meu trabalho testemunhasse minha fé em Jesus Cristo.

Muitas vezes nós, como cristãos, adotamos a divisão de nossa cultura entre o espiritual e o secular. Nós designamos o que fazemos na igreja ou em nossa vida devocional pessoal como “espiritual”, e o resto da vida como “secular”. Exceto no ministério pago, raramente pensamos no trabalho como espiritual.

A Bíblia não faz tal distinção entre espiritual e secular. De fato, o relato da criação em Gênesis nos diz que o trabalho é uma atividade divina e, portanto, supremamente espiritual. O trabalho é tão bom que Deus decide compartilhá-lo com os seres humanos, colocando-nos na terra “para trabalhá-lo e cuidar dele” (Gn 2). Ao fazê-lo, refletimos a glória de Deus, cuja imagem carregamos.

Em seu livro, O Empreendedor Missionário, Mark Russell identifica sete princípios sobre o trabalho dos dois primeiros capítulos de Gênesis, parafraseados abaixo:

  1. O trabalho faz parte da administração da criação de Deus.
  2. Usar e fazer ferramentas é parte integrante do trabalho.
  3. A criação é uma dádiva, mas é preciso trabalho para cuidar dela e desfrutá-la.
  4. Devemos apreciar a beleza e a bondade que o trabalho produz.
  5. O trabalho é algo que devemos fazer juntos.
  6. O trabalho é uma parceria com o nosso Criador.
  7. O trabalho traz satisfação e torna o descanso agradável.

Sim, deste lado da Queda (Gn 3), o trabalho pode ser penoso ou mesmo opressivo. Mas não precisa ser. Como arautos da nova criação introduzidos por meio de Jesus Cristo, recuperemos a bondade inerente do trabalho. O trabalho se torna testemunho quando o fazemos para o Senhor.